OBRAS DE BACH, HAAS E DVORAK
Sinopse
A jorrante torrente criativa alemã de Bach e checa de Dvorak e Haas que malgré tout, por música, expõem a sua mundivisão e provocam em nós emoções indiscritíveis.
Notas ao Programa
Não se sabe, ao certo, as razões que levaram Bach a escrever os Seis Concertos com Vários Instrumentos, como lhes chamou, de cuja obra iremos ouvir o Nº 1 nesta ocasião. Supõe-se que para, eventualmente, aumentar o seu prestígio junto da aristocracia, a cujo círculo ambicionava pertencer, e alcançar o desejado título de compositor da corte, honra essa que vê concretizada em 1736.
Amplamente considerados como expoentes máximos da música instrumental do período barroco, é notável o total domínio da escrita musical de Bach neste género musical em grande desenvolvimento na época, o Concerto, em que instrumentos a solo sobressaem do ensemble instrumental, numa alternância diversificada e imprevisível.
A coleção de seis concertos foi guardada e esquecida na biblioteca do Margrave de Brandenburg-Schwedt, o aristocrata Christian Ludwig a quem o compositor dedicou e enviou a composição, até à sua morte, em 1732, quando foi vendida por poucos centavos. Só é encontrada já no Séc. XIX, nos arquivos de Brandemburgo, e publicada em 1850, a partir do qual ficou conhecida como Os Concertos de Brandemburgo.
Composto e estreado no campo de concentração nazi Theresienstadt, para onde Haas foi levado em 1941 dadas as suas origens judaicas, o Estudo para Cordas está pejado de simbolismo histórico, social e humano, já que se por um lado representa a capacidade humana de resiliência e superação na criação de arte em contexto aberrante, por outro ilustra a abjeta manipulação da arte para fins monstruosos de branqueamento e propaganda ideológica.
Esta obra vê a sua estreia a 23 de junho de 1944, por ocasião da visita do Comité Internacional da Cruz Vermelha ao então apelidado gueto-modelo, utilizado para fins de propaganda como "contra evidência" e negação dos rumores que chegavam à opinião pública alemã e internacional, do assassinato em massa de judeus e outras pessoas. Uma vez atingido o propósito propagandístico, em outubro de 1944 é ordenada a cessação de todas as atividades artísticas do Campo, e a 16 de outubro, Haas e muitos outros artistas, são deportados para o campo de extermínio de Auschwitz, onde são assassinados nos dias seguintes.
A “Suite Checa” de Dvorák lembra a imprevisibilidade da natureza bucólica europeia. O estilo, hoje conhecido por checo, incorpora padrões únicos de modulação, ritmos e outros elementos distintivos fundamentais, facilmente reconhecíveis até pelo ouvinte menos familiarizado com este compositor. Fortemente influenciada pela corrente nacionalista, a música de Dvorák conseguiu ressoar na sensibilidade do homem comum, bem como na de uma certa burguesia que na época emergia. Várias gerações têm sentido a Vida através do olhar eslavo com o enorme calor e emoção da “Suite Checa”. A sua importância emocional, que é capital, transformou-a numa das obras românticas mais amadas da Europa de Leste.
Programa
J. S. BACH (1685 – 1750)
Concerto Brandeburguês nº 1 em Fá Maior, BWV 1046
P. HAAS (1899 – 1944)
Estudo para Cordas (1943)
A. DVORÁK (1841 – 1904)
Suite Checa, Op.39 em Ré maior
Orquestra Clássica do Sul
Rui Pinheiro, Maestro Titular
55 minutos, Duração
12/11
TAVIRA
Igreja do Carmo
21h30
Entrada Livre
Município de Tavira, Organização
RUI PINHEIRO
Maestro Titular
Rui Pinheiro é Maestro Titular da Orquestra Clássica do Sul desde janeiro de 2015. Entre 2010 e 2012 foi Maestro Associado da Orquestra Sinfónica de Bournemouth (Reino Unido). Foi também Maestro da Orquestra do Conservatório Nacional de Lisboa (2005–2008) e em Londres foi Diretor Musical do Ensemble Serse, companhia de ópera barroca em instrumentos de época.
Em Portugal dirigiu as principais orquestras. Destacam-se os concertos com a Orquestra Sinfónica Portuguesa – ‘Dias da Música’ (2013 e 2014), o programa de Verdi/Wagner no ‘Festival ao Largo’ com o Coro do Teatro Nacional de S. Carlos, concertos de Rachmaninoff e Brahms com Artur Pizarro; com a Orquestra Gulbenkian – Os Planetas de Holst, ainda a Vela 6911 de Victor Gama, a 5ª Sinfonia de Beethoven no Festival de Leiria, Concierto de Aranjuez com Miloš Karadagli?, Adriana Partimpim com Adriana Calcanhotto (2015), Retiro com Rodrigo Leão nos Coliseus de Porto e Lisboa e gravado para a Deutsche Gramaphone (2015), e com Carlos do Carmo e Ivan Lins (2016).
Com a Orquestra Clássica do Sul destacam-se projetos como a integral dos Concertos para Piano de Beethoven, a 4ª Sinfonia de Mahler, concertos com Vitorino, Janita Salomé e os Cantadores do Redondo, o tenor Carlos Guilherme e ainda com os fadistas Camané e Kátia Guerreiro.
Rui Pinheiro é agenciado por Worldwide Artists, Lda.